quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

RESSENTIMENTOS


A medida que nos distanciamos dos fatos que marcaram  a nossa vida, e nos habilitamos assim a analisá-los, livres da emoção que anuvia os detalhes, é que percebemos a enorme influência  que ocorrências aparentemente insignificantes tiveram em nossa existência. Conflitos em nosso relacionamento com a família, com os colegas, os mestres, os amigos e até com o desconhecido geram ressentimentos que alteram a nossa atitude em relação aos outros, mudando o nosso rumo e nos levando para onde nunca pretendíamos nos aventurar.

A maior parte  dos ressentimentos é conseqüência direta de  uma expectativa frustrada. A meta não alcançada, a bofetada merecida, o emprego perdido, o acesso negado, a promoção preterida, o prêmio não concedido. Os ressentimentos nos perturbam desde a mais tenra infância e nos perseguem pela vida afora. Podem ser herdados, passando de pai para filho e até para netos. Na infância, pequenas decepções podem ser devastadoras. O castigo injusto, a punição exagerada, o esforço não reconhecido, a boa nota ignorada, o sucesso não aplaudido. Uma festa de aniversário esvaziada pela chuva ou pela ausência de alguém que não podia faltar, como o melhor amigo, o padrinho, o pai, os avós, podem não só estragar a festa como magoar profundamente o aniversariante.
Mais adiante na adolescência e na idade adulta, os ressentimentos continuam a nos afetar no estudo, no trabalho e na vida social. A censura e a humilhação, o ridículo , a indiferença, o constrangimento , o voto contra, o voto em branco, a agressão verbal ou física, o desprezo a omissão . Geralmente o tamanho da mágoa é proporcional ao grau da ofensa. Mas nem sempre. Às vezes uma pequena desatenção tem um efeito devastador, enquanto uma grande ofensa  passa despercebida . Depende naturalmente da personalidade do ofendido, da sua auto estima, das circunstâncias da ocorrência ou da sua repercussão, se a ofensa é pública ou privada, da importância do ofensor, do grau de parentesco e da amizade que lhe devota o ofendido . O deslize do amigo fere mais que o escárnio do inimigo. O magoado se considera sempre a vítima de alguém ou, quem sabe, de uma conspiração. O responsável pela ofensa passará no mínimo a não merecer a atenção do ofendido. Na maioria das vezes um sentimento de vingança se esboçará no espírito da vítima podendo atingir enorme proporções.
Costumamos dar mais importância aos nossos do que aos ressentimentos que provocamos aos outros. Não atinamos porque nossa falta foi tão valorizada pelo amigo ferido. Na verdade, muitas vezes nem percebemos que magoamos e nos surpreendemos com a revelação do sofrimento que causamos a alguém que amamos, sem que nos déssemos conta de que um gesto, ou a falta dele, uma palavra ou o silêncio, tivessem ferido alguém.  by loira

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